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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

1 mês de [re]nascimento

Hoje minha pequena completa 1 mês de vida. Mês intenso, marcado por momentos de felicidade extrema e angústia inexplicável. Como todas as relações humanas, descobri que essa também tem seus altos e baixos, é imperfeita e se constrói. Não vem pronta. Eu aprendo a ser mãe, ela aprende a ser filha. Estamos nos conhecendo e nos descobrindo, é algo recíproco, com a diferença que ela, além de me conhecer, está conhecendo o MUNDO, a VIDA, e me ensinando um novo conceito de AMOR. Por isso, eu preciso ter com ela toda a compreensão que eu jamais tive com qualquer outra pessoa, preciso dispensar a ela todo o meu cuidado e zelo, preciso estar aqui sempre que ela chamar, pois neste momento ela depende totalmente de mim. E o mais incrível: eu totalmente dela. De formas diferentes, mas essa necessidade uma da outra tem a mesma intensidade, garanto a vocês.

Lara é doce, tranquila, conformada. Desde tão pequena já posso perceber traços maravilhosos dessa personalidade única, de um serzinho que tem suas próprias características distintas das minhas, embora carregue consigo meu DNA. Ela não me pertence, mas de certa forma é a minha continuação. Ela não precisará ser grata a mim por tudo o que faço por ela, pelas noites em claro, pelas fraldas trocadas, ela simplesmente precisa crescer saudável, plena, completa em todos os sentidos, e esse é o único "retorno" que uma mãe espera de seu filho após tanta dedicação. Não é uma relação de gratidão porque não se trata de um favor, é uma relação de amor onde eu espero muito ser correspondida, e acredito piamente que isso só vai depender de mim mesma, do que eu plantar para colher lá na frente. Preciso que esse amor seja mútuo mas, mesmo que não seja, o meu não mudará, eu sei disso.

Às vezes, acordo cansada, mal humorada, chorosa por todas as renúncias que a maternidade me tem imposto, pelo corpo "estragado" pelas estrias e outras mazelas físicas do pós-parto. Nesses dias, sinto-me péssima como mãe, pois esses sentimentos tão ruins não combinam com o amor que trago comigo. Os sentimentos ruins nada têm a ver com minha pequena, são coisas absolutamente distintas entre si. Ela está num lugar exclusivo do meu coração, para ela só tenho olhos de amor e derretimento. Na verdade, minhas queixas dizem respeito a situações, falta de apoio, vulnerabilidade e carência até... Creio que tudo muito normal quando se passa por uma mudança de vida tão radical quanto a de se tornar mãe. Sei que passa, são hormônios e emoções conturbadas diante dos novos desafios.

Neste um mês de maternidade, confesso que tive dias de extrema auto-confiança, em que cheguei a achar moleza a arte de cuidar de um bebê, mas esses dias foram esmagadora minoria, admito. Na grande maioria do tempo sinto-me insegura, falha, tenho a sensação de que não estou sendo boa o suficiente e de que sempre poderia fazer melhor. Fico irada quando me criticam, coisa que não é normal em mim. Quando a gente é mãe as falhas se tornam quase questão de vida ou morte, não admitimos errar! Mas erramos... Eu erro diariamente com minha pequena, e pensando assim de cabeça fria vejo que seria impossível não errar, afinal não é porque sou mãe que deixei de ser humana, carne e osso, imperfeita como sempre fui, não é agora que vai ser diferente.

Mas o amor... Ah, o amor! Esse faz tudo valer a pena. Minha mente mudou, meus olhos mudaram, com certeza tornei-me mais sensível. Olho essa menininha linda em meus braços, ouço seus suspiros deliciosos de bebê expressando seus sentimentos, e sinto-me tão derretida e rendida a essa pessoinha que parece que não vai caber no meu peito tanto bem querer, tanta vontade de cuidar, de fazer feliz. Ela é incrível, não me exige muita paciência, não chora sem motivo, apenas resmunga de fome e isso me faz admirá-la ainda mais. Eu digo "calma bebê, mamãe já vai te dar mamá" e ela fica mais calma, aguenta mais uns minutinhos, estando no meu colo ela parece se tornar ainda mais tolerante. É um anjo que Deus me deu, e eu já nem tenho palavras para agradecer a Ele pelo maior presente que já me entregou. Acho que nem mereço tanto.

Tudo o que ela faz é lindo para mim. Seus sonzinhos de bebê, seu jeitinho de mamar, sua respiração forte, suas "miadas" irritadas quando está com fome, seus mini-sorrisos involuntários e rápidos que já são suficiente para me desmanchar. Eu não imaginava que coisas tão pequenas me trariam tanto riso! É delicioso pegá-la no colo, apertar contra meu peito e enchê-la de cheirinhos e beijos maternos, vendo que ela não se incomoda, ao contrário, parece adorar meus carinhos. Sei que não será assim para sempre, por isso quero aproveitar cada segundinho dessa fase, encher meu bebê de amor para amanhã não me arrepender de ter deixado passar preciosas oportunidades. Daqui a pouco, Lara será uma menina, moça, mulher, e só o que sobrarão são as lembranças desses dias maravilhosos em que tive a honra de cuidar, amamentar, dar banhos e tê-la em meus braços, protegendo-a de qualquer mal.

Ela já olha para mim, mesmo que furtivamente e, quando seus olhos se encontram com os meus, a sensação é incrível! É como se esses olhinhos invadissem minha alma e extraísse toda a doçura que existe em mim. Ela me faz ser tão melhor do que eu era! Voltei até a ser romântica como há muito tempo não era, mas agora o romantismo é sob uma nova ótica, a ótica materna. Ela tem um semblante tão sereno e tranquilo, que vem como um balde de água fria na minha agitação e irritabilidade, quando esses olhinhos serenos me observam. É imediata a calma no meu coração. Ela me traz paz. Ela me faz bem mesmo sem dizer uma só palavra. Ela me passa muitas lições mesmo que não saiba os conceitos de ensinar ou aprender. Ela me ensina a viver mesmo tendo acabado de começar sua vida e ainda nem ter noção da dimensão de sua existência.

Para a sociedade, é apenas mais um bebê. Eu mesma não entendia a mágica que acontece quando nasce um bebê, confesso. Mas hoje, eu entendo tudo e as coisas fazem total sentido quando vejo uma mãe segurando seu filho no colo, orgulhosa. Para mim, Lara é o ser humano mais importante do mundo inteiro, ela é a síntese do amor que eu jamais senti por alguém, é a beleza mais perfeita aos meus olhos, tem o cheiro mais gostoso sempre e não há nada mais prazeroso que enchê-la de beijos e ver sua carinha de eterna satisfação e inocência. Ela é um bebê feliz e seus olhos me dizem isso.

Definitivamente, minha pequena veio para alterar todos os meus parâmetros e me fazer superar os mais terríveis medos que habitavam lá no fundo do meu coração. O amor encheu tudo de tal forma, que não sobrou espaço para eles! É como a Palavra de Deus já nos diz: "o verdadeiro amor lança fora todo medo...".

Obrigada Senhor, por esse maravilhoso um mês de [re]nascimento!

Um comentário:

  1. Ah amiga... que linda postagem! Me emocionei aqui ao ler, porque é exatamente tudo isso que senti e sinto pela minha pipoquinha Manú. É tão bom ver que como mães, não estamos sozinhas, seja nas imperfeições, nos momentos em que nos sentimos super mães, nos momentos de fraqueza ou fortaleza.
    Temos altos e baixos sim e à medida que elas crescem passamos por novos altos e baixos, cada vez que elas aprendem algo novo (ou até um arte nova que merece uma boa repreensão) vemos que realmente nada sabemos a cada passo do caminho.

    Se não for o Senhor a nos guiar, nos ensinar como sermos MÃE... ah, o Senhor! Como ELE É TOTALMENTE COMPANHEIRO dos nossos momentos que não sabemos como lidar com elas, como cuidar.

    Me culpo muitas vezes por errar em alguns aspectos. Tantos trabalhos, tantos compromissos, me sinto tão sugada pelo trabalho que às vezes não tenho mais energias para brincar, beijar, chamegar e dar toda a atenção que a minha pipoquinha merece.

    Me culpo tanto por isso!!! Mas Deus conhece o nosso coração e sabe das nossas necessidades e fragilidades. Como é bom poder contar com um Deus compassivo e misericordioso.

    Sei como é ruim receber críticas todo o tempo em relação aos cuidados que temos que ter com alguém que acabou de chegar na nossa vida (Manú, pra mim, acabou de chegar, assim como Lara pra você, apesar de já ter 7 anos! rs).

    Você verá que mesmo com o passar dos anos, nunca estamos totalmente prontas a cuidar 100%, sempre haverá um sentimento de medo, bem lá no fundo, de falhar com elas, nunca sabemos tudo. Nunca mesmo. Cada dia é uma surpresa.

    Essa pureza e tranquilidade no olhar de Lara é tudo o que você precisa. A pureza e tranquilidade (peraltice muitas vezes) no olhar de Manú é tudo o que eu preciso.

    Olhando para elas, voltamos os nossos olhos para o que de fato deve ser focado. Elas. Tudo por elas, pra sempre por elas. Tudo pode esperar.

    Nisso, claro, o marido fica em 2º plano, a casa, o trabalho, tudo... com o tempo você vai começar a aprender a administrar o tempo para todas as coisas. Eu ainda estou aprendendo!

    É difícil, muitas vezes estressante. Há dias que eu choro. Há dias que dá vontade de sumir. Às vezes, você se sentirá sem energias por tanto ter que cuidar de Lara e é totalmente normal isso. Vira e mexe você se sentirá assim.

    Ainda mais, jovens como somos, muitas vezes queremos ir para o lugar a ou b, fazer isso ou aquilo... e qualquer mínimo passeio, tendo filho, é uma grande aventura! rs
    Às vezes isso me angustia, confesso. Mas o Senhor vem, nos massageia as costas e diz: Filha, é contigo! Vai nessa força! :)

    E de fato, conseguimos, dia após dia, enfrentar os desafios da maternidade.

    Temos um Deus tremendo, que nos auxilia em todas as horas. Ele é totalmente contigo. Conosco. Nós vamos conseguir! :)

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