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domingo, 16 de setembro de 2012

Lara chegou!!! Relato do Parto

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Olá!

Hoje consegui um tempinho para vir aqui postar e contar as novidades. A vida de mãe é bem atarefada, mas até que está sendo melhor do que eu pensava! =] Lara nasceu dia 01/09 às 18:50, na maternidade Perinatal da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Foi o dia mais feliz e emocionante da minha vida, e ao mesmo tempo o mais “aterrorizante”. Vamos ao relato?

Em casa, tive uma boa noite de sono, acordei por volta das 6h e tomei café da manhã. Eu só poderia me alimentar até as 10h, então tomei café cedo porque às 10h precisaria "almoçar". Minha mãe chegou por volta das 08h, fez para mim um franguinho grelhado com legumes, tomei suco de laranja com açúcar segundo a orientação do médico e bastante água. A comida desceu mal demais, mas comi o máximo que pude. Ninguém merece almoçar às 10h da manhã! A partir das 10h, jejum total de sólidos e líquidos. Após a última refeição, me arrumei com calma, fiz o cabelo, separei algumas maquiagens para levar, tudo tranquilamente. As malas já estavam prontas. Saí de casa umas 13h, peguei um pouco de trânsito e cheguei na maternidade por volta das 14h para dar entrada na internação, sendo que meu parto estava agendado para as 18h. Chegando lá, demos entrada na internação e isso demorou uns 30 min. Estávamos eu, Reuel e minha mãe, e ficamos na recepção durante esse período aguardando a liberação do plano para irmos ao quarto. Papelada resolvida, fomos para o quarto 315. Eu já conhecia os quartos da Perinatal, são bem agradáveis e até fazem a gente esquecer que está num hospital, parece um hotelzinho 3 ou 4 estrelas, sabe?

Um pouco depois, veio uma enfermeira preencher minha ficha, perguntou várias coisas sobre minha saúde e um monte de doenças que eu nunca tive. Colocaram uma pulseira de identificação em mim. E a ansiedade aumentando... Eu estava bem tranquila e animada, foi uma tarde super agradável. Por volta das 16h chegou minha amiga Cinthia e eu me distraí bastante fazendo a maquiagem dela para o casamento de seu pai, que seria no mesmo dia. Fiz também minha maquiagem, e nisso o tempo passou super rápido. Tiramos várias fotos pela maternidade. Por volta das 17h, todos da família já estavam presentes: mãe, pai, sogros, irmão, cunhadas, cunhados e sobrinha. O quarto ficou bem cheio e animado! rs

Um pouco antes das 18h, meu médico ligou dizendo que estava chegando, mas o trânsito da Barra é terrível e ele estava um pouco atrasado, tinha acabado de fazer um outro parto na Zona Sul. Nisso, chegou também o cinegrafista que faria a cobertura do parto, presente de minha sogra para nós, pois eu não ia fazer (muito caro!). Ele chegou, tirou várias fotos nossas, colheu meu depoimento e do Reuel, e de toda a família, um a um. Depois, foi para o Centro Cirúrgico se preparar para a cobertura do parto. Estou ansiosa para ver como ficou!!!

Um pouco depois, o anestesista apareceu no quarto para conversar comigo, foi aí que a ficha começou a cair e o coração disparou. Ele me explicou como seria, que a anestesia seria a rack (não sei se é assim que escreve), me pediu para colocar a camisolinha do hospital logo em seguida, e eu fui ficando bem agitada. Mais alguns minutos, meu médico entrou, adorei vê-lo, como é bom ter alguém familiar nesse momento, deixa a gente mais tranquila!

Às 18:30 mais ou menos eu já estava pronta, aí chegou a maquinha para me buscar. Nossa, que frio na barriga!!!! Deitei na maca e fui sorrindo, família toda ao redor, várias fotos, aquela euforia misturada com nervosismo, parecia que não estava acontecendo, que era um sonho, sei lá, a vida toda a gente pensa que um dia vai ser mãe, mas quando se torna real a gente pensa “não é possível que esteja acontecendo MESMO!”. Hahahaha Fomos para o CT (eu e Reuel).

Na sala de preparação, tinha uma outra mamãe recém operada, com olhar amolecido, olhou para mim, olhei para ela toda molinha e fiquei com ainda mais medo. Chegou a enfermeira, fez mais várias perguntas, colocou o soro em mim, limpou meu pé para colocar a sapatilha, pôs a touquinha no meu cabelo, fez as pulseirinhas de identificação da Lara e pediu que eu conferisse se estava batendo com a minha. Tudo ok, vamos entrar! Marido ficou de fora se preparando para entrar depois. Entrando na sala de cirurgia, todos comentaram o fato de eu estar maquiada. Fiz o maior sucesso! Hahahaha O coração tava a mil, mas ainda assim eu tentava demonstrar tranquilidade, fazendo piadinhas e conversando com toda a equipe, que tentava descontrair ao máximo para me deixar tranquila. Eles foram bem amáveis comigo, me senti muito acolhida.

Veio o anestesista, mandou eu colocar as pernas encostadas na barriga e abaixar bem o queixo para encostar no peito. Que difícil essa posição!!! Meu médico veio me ajudar e ficar bem encolhidinha, deitada de lado, falou que eu tinha que ficar igual um “camarão”. Eu ri. Coração a mil. A partir disso as sensações começaram a ficar distorcidas, o anestesista provavelment e aplicou uma anestesia local e foi me descrevendo o que eu sentiria a cada passo: “agora vai dar uma pressão”, “vai arder um pouquinho”, “vai formigar”. E tudo acontecia exatamente como ele dizia. Anestesia aplicada. pernas dormentes, que sensação estranha!!! Me viraram de barriga pra cima, eu parecia não dominar mais meu próprio corpo.

Começaram a assepsia, do peito pra baixo eles passaram várias camadas daquele produto que limpa a pele, esqueci o nome. Eu não senti mais nada direito, cada toque deles em mim me dava tipo um choquezinho, e cada vez ia ficando mais fraco. Cabeça a mil, várias conversas ocorriam na sala, eu não conseguia prestar atenção em nada, e captava várias coisas ao mesmo tempo. Meu marido não aparecia e eu tava meio preocupada. Eu sentia eles me tocarem, mas era abstrato, não doía e eu tbm ñ conseguia ter ctza do que estavam fazendo ou de qual parte exatamente estavam tocando. Montaram toda a estrutura da cirurgia, colocaram um paninho para bloquear minha visão, eu tava consciente de tudo, um pouco enjoada, perguntei pro anestesista se o enjoo ia passar logo. “Assim que o bebê sair isso vai aliviar”, ele respondeu. “Ta bom...”

“Cadê meu marido?”, perguntei. Disseram que logo entraria. E mexiam em mim freneticamente. O doutor brincou pedindo que eu levantasse a perna esquerda, eu tentei, mas lógico que ela não respondia. Super estranho! E continuaram me preparando, limpando, colocando paninhos e batendo papo entre si. Como falavam! Para eles era a coisa mais natural do mundo, para mim era o momento em que minha vida mudaria radicalmente, fora o medo que eu estava de morrer ali, afinal foi a primeira cirurgia que eu fiz! Hahaha Uiiii que sensação estranha!

Começaram a me abrir, alguns segundos depois os médicos falaram “manda o pai entrar!”. E nada do pai aparecer... Eles ficaram nervosos: “cadê o pai?? Vai sair agora!”. Nossa, minha cabeça ficou a mil... Disseram que o pai tava entrando com o cinegrafista. Daqui a pouco chegam eles na sala. Reuel não sentou, tava tão nervoso que ficou atrás de mim inquieto, andando no pouquíssimo espaço que tinha disponível, falando várias coisas pra aliviar a tensão. Menos de um minuto depois, eles disseram: “pega a câmera, vai sair agora!!!” E os médicos falavam entre si “pegou?”, “peguei... peraí, escapou”, “pronto, agora peguei”, “puxa puxa”, “olha aqui pai, tira foto, tira foto!!!” O anestesista falou “fez cocô, pega um pano e limpa logo” E eu meio lerda sem conseguir ver quase nada, olhei pra frente e meu coração batia tão forte ao ver aquela perninha sendo erguida de dentro de mim. Olhos marejados, lágrimas escorriam sem eu fazer esforço. Ouvi um chorinho suave, meu coração parou.

O pediatra pegou minha pequena, levou pra uma mesinha, o pai tava junto, eu espichando os olhos pra tentar vê-la, meu marido dizia “meu Deus ! Deborah, é a minha cara!!!”. E eu querendo ver, olhando na direção da bendita mesinha, só via os pezinhos dela pra cima, e não conseguia ver a carinha. O pediatra viu minha ansiedade e deu uma levantadinha, vi aquele rostinho e mais lágrimas caíam sem parar dos meus olhos. Soltei a exclamação: “Ela é sua cara, seu nojento!!!” Toda a equipe gargalhou. Eu não podia acreditar, minha filha estava ali. Perguntei “doutor, o chorinho dela ta tão fraco, ela ta bem??” Ele falou “que fraco o quê, ela ta ótima!” (mal sabia eu que o "chorinho fraco" era só uma característica marcante da minha pequena, que é o bebê mais tranquilo que já conheci na vida) A enfermeira trouxe ela pra perto de mim, mas não deixou ela no meu colo, ficou segurando ela e não me deixou segurar, na hora eu tava tão atônita que não reagi, mas agora me dá uma raiva quando lembro disso. Colocou o rostinho dela junto ao meu, eu falei com ela algo tipo “oi filha, sou sua mãe... nós vamos nos divertir muito juntas aqui fora, eu te amo!” Tiraram fotos de nós 3 juntinhos ali, levaram ela de mim.

Reuel foi embora com ela, o pediatra e o cinegrafista, eu fiquei na sala para começar a sutura. O anestesista colocou um caninho no meu queixo que soltava um ventinho, colocaram tbm um soro de ocitocina. Eu pensei “pra quê isso se o parto já acabou?”. Sei lá, só sei que começou a me dar um sono looouco e eu comecei a delirar, fiquei totalmente lerda, meio dormindo, meio acordada, o bate-papo da equipe se confundia na minha mente com meus próprios sonhos e eu literamente delirava, naqueles minutos saí da realidade, esqueci parto, bebê, marido, família, fui pra um mundo surreal, fiquei tão relaxada e sonolenta, uma sensação que nunca tive antes. Foi gostoso. O anestesista falou “pode dormir querida, relaxa, fique bem”. Eu dormia, acordava, dormia, acordava, ñ tenho noção de quantos minutos ficamos ali, só sei que os médicos conversavam entre si sobre várias coisas que agora ñ faço idéia, eu ouvia as vozes e o barulho dos aparelhos, aquilo só aumentava meu sono. De repente, meu olho começou a coçar, mas coçava taaanto que mesmo eu totalmente lerda de sono consegui levar a mão até o olho e esfregar esfregar esfregarrrr! O anestesista tirou minha mão. Daqui a pouco, começou a coçar o nariz. A boca. A bochecha. Tudo coçando!!! O médico anestesista percebeu minha aflição e falou "essa coceira é por causa de uma medicação para dor que eu fiz em você". Depois que fui para o quarto, pesquisei no Google que a medicação é a famosa morfina. Fiquei até o dia seguinte coçando sem parar o corpo inteiro. #medo hahaha

Acabou tudo, eu super “grogue” e com muita coceira. Saí da sala de parto, fui pra mesma sala de preparação onde encontrei aquela outra mamãe, agora a mamãe “molinha” era eu, só que não chegou nenhuma outra nesse meio tempo. Fiquei ali alguns minutos que tbm ñ faço idéia de quantos foram, fiquei ali... Todo mundo foi embora, fiquei só com os enfermeiros. Acho que nesse meio tempo o médico foi atrás do meu marido acertar os valores, foram no meu quarto tbm avisar os visitantes que não poderiam ficar mto tempo pois eu precisava descansar. Nisso, meu marido já tinha chegado com Lara no berçário para apresentá-la à família e amigos, tinham bem umas 15 pessoas lá esperando ela aparecer. Claro que isso eu só soube depois e vi nas fotos. Subi para o quarto, bem sonolenta e delirante. Eu não podia falar nada, claro, mas estava doida pra perguntar sobre a bebê e contar minha experiência na sala de cirurgia. Estava eufórica e voltando à sobriedade aos poucos. Me sentia extremamente feliz! Quando cheguei na porta do quarto, vi alguns amigos e fiquei animada e ainda mais feliz por eles estarem ali. Quase falei, mas todos fizeram “shhh” e eu segurei a onda. Me colocaram na cama, eu doida pra ver minha filha. Pedi o ipad e digitei “cadê ela?? Está tudo bem?” Todos disseram que sim, que ela é linda, a cara do pai. Todos disseram que eu estava bonita também. "Santa maquiagem", pensei. Eu queria tanto vê-la, pegá-la, analisar seu rostinho... Já já ela ia subir pro quarto.

Os amigos vieram, falaram comigo e foram todos embora. Meus pais precisaram ir embora também para levar Cinthia ao casamento do pai dela, ficamos só eu, Reuel e a família dele. O clima estava bom. De repente, ouço aquele barulho de rodinhas, Lara chegou no quarto em seu bercinho!!! Colocaram ela ao meu lado e a enfermeira começou a me explicar sobre amamentação, e ali começou a estimulá-la a pegar meu peito. Ela pegou e nem foi difícil. Mamou um pouco, eu não tinha nada ainda, acho que nem o colostro tinha aparecido nessa hora, mas ela chupou meu seio alguns minutinhos e parou. Dormiu. Ficamos ali deitadas lado a lado, eu tentando entender os sentimentos que me invadiam, olhando praquele serzinho e vendo meu mundo virar de cabeça pra baixo. Felicidade. Emoção. Euforia. Medo. Encantamento.

Lara já era real desde o dia em que foi concebida, mas agora ela se tornava concreta na minha vida e eu sabia que dali para frente nada mais seria igual. Assim foi o dia mais feliz da minha vida, o dia em que meu coração parou de tanto amor. Foi imediato, intenso, lindo, um momento que jamais sairá da minha memória e dos meus mais lindos pensamentos e registros sobre a vida. O dia em que me tornei mãe.